NOITE EM QUE AS JANEIRAS FORAM RAINHAS E SENHORAS
O sucesso era esperado, não pelo rigor que o evento ostentasse já que esse parecia ter sido substituído por um improviso saudável e bem sucedido, mas porque era o afirmar da tradição em tom mais alto, a prova de que miúdos e graúdos pretendem cumpri-la e fazê-la permanecer nos seus horizontes.
O frio da noite não foi suficiente para impedir que a 13 de Janeiro o Centro Cultural fosse pequeno para as centenas de curiosos que quiseram ser parte integrante de mais um Encontro de Janeiras.
A abertura esteve a cargo dos mais pequenos, que em bonitos cânticos entoaram os mais tradicionais sons deste mês, fruto de uma árdua aplicação nas aulas de música dos tempos livres.
No público, todos ansiavam receber com um caloroso aplauso o grupo da terra, da associação, da junta ou da confraria. Logo após, era a vez de eles, os mais experientes, os verdadeiros conhecedores da tradição tal como era, da original, darem o ar de sua graça.
Primeiro, os utentes do Centro de Dia de Padornelo, Parada e Mozelos, depois, o Grupo de Cantares do OUSAM, formado por gente veterana nestas andanças, ambos acompanhados pelo som prazenteiro dá concertina.
A Associação Cultural de Rubiães e o Centro Sócio-Cultural de Agualonga fizeram-se apresentar logo de seguida, precedendo a Associação Cultural de Parada. Com grupos não muito extensos mas de grande coesão vocal, destacaram-se essencialmente pela presença de um considerável número de jovens, faixa etária cada vez mais empenhada na promoção da cultura local.
Houve ainda tempo para o grupo de cantares do Rancho Folclórico Camponês de Bico, trajado a rigor e seguindo à letra os preceitos do seu nome e historial.
Com uma grande diversidade de instrumentos, muitas caras jovens e letras criadas num contexto jovial, os grupos de Infesta e Padornelo, velhos conhecidos do palco, voltaram a levar a cena um pouco das suas tradições musicais, logo seguidos pelo igualmente aplaudido grupo da Associação Cultural de Padornelo.
A grande novidade da noite foi, contudo, o grupo das Janeiras da confraria da Sra. da Pena, por ter sido a primeira vez que este encontro acolhia um grupo pertencente a uma confraria.
Apesar da noite ir já longa, houve ainda lugar para a jovem Associação de Formariz, para a experiente Associação de Mozelos e para o dedicado grupo de Janeiras do Sporting Clube Courense.
No final, os rostos eram de felicidade por uma noite bem passada, rematada com um doce banquete oferecido pela autarquia.
Maria João Cunha
Notícia do jornal NOTÍCIAS DE COURA, edição n.º 87, de 23 de Janeiro de 2007, página 38.