ALVITE – Antroponímico. Corresponde a um genitivo antroponímico de Alvitus, nome pessoal documentado no século IX, e que foi frequentíssimo durante toda a Idade Média até ao século XIII.
A sua raiz de origem está presente no nome dum príncipe hérulo do VI, Alvith, latinizado em Alvitus, e em Vitigis, rei ostrogodo dessa mesma época. Evoluiu progressivamente para Alviti > Alvitici > Alvitiz > Alvitaes.
Os hérulos e os ostrogodos eram ramos antigos dos povos germânicos que encheram as páginas da história. Estamos, portanto, perante um nome de origem germânica, formado por “alls”, «todo» e “weiti”, «castigo», embora a interpretação da componente weitt, vit- cause alguma perplexidade por se ter conservado o T.
A distribuição geográfica deste topónimo mostra a sua antiguidade, que apresento sem comentários, numa colheita, aliás, rápida.
Encontrámo-lo numa vasta mancha que passa pela Corunha, Orense, Pontevedra e Lugo, na Galiza, e pelos concelhos portugueses de Paredes de Coura, Ponte de Lima, Cabeceiras de Basto, Guimarães, Vila do Conde, Penafiel, Arouca, Moimenta da Beira e Meda.
Por sua vez a variável Alvito está presente em Barcelos, Covilhã, Arouca, Óbidos, Pombal, Alenquer, Proença-a-Nova, Tomar, Loures e Beja, e a forma Alvites em Lugo (Galiza), Vila Real, Valpaços, Mirandela e Baião.
Alvito é caso extraordinário pois deu origem ao nominativo Alvitos, ao genitivo Alvite, ao acusativo Alvito e ao derivado Alvites, ocupando uma vastíssima área geográfica.
Já no Censual da Sé Bracarense, num documento do povoamento medieval datado de 1187, vemos uma referência a Alvite: «cautum de devesa de Alviti». Originalmente foi uma “villa Alwittanis”, propriedade dum Alvito, antropónimo de origem germânica.
Vila agrária que deu origem, na Alta Idade Média, a uma aldeia, que segundo testemunho documental dos assentos paroquiais da freguesia de Padornelo ainda existia nos séculos XVI a XVIII, vindo progressivamente a desaparecer, pois o desaparecimento de topónimos é muito vulgar.