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PADORNELO

Blogue acerca da terra, das pessoas, dos costumes e da História de PADORNELO, freguesia do concelho de Paredes de Coura, distrito de Viana do Castelo, publicado por JOFRE DE LIMA MONTEIRO ALVES.

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16
Ago09

A PADROEIRA DE PADORNELO: QUEM FOI SANTA MARINHA

Santa Marinha

 

    Hoje vamos falar da nossa padroeira, que toda gente sabe ser Santa Marinha, mas poucos saberão quem foi. A vida de Santa Marinha é fabulosa e questionável, como aliás a de todos os santos, santinhos e mártires da primitiva Igreja e até no nome divergem.
               
    Alguns afirmam que o seu verdadeiro nome seria Margarida ou até Santa Pelágia, mas tamanha confusão de identificação deve-se ao seu martírio em tudo similar às das referidas santas. Naqueles tempos a imaginação e as vidas lendárias corriam livremente a toda brida por terras de França e Aragança, daí esta profusa confusão.
                  
    Santa Margarida de Antioquia, cuja vida lendária e fabulosa decorre nos séculos III, era uma formosa filha dum pagão de má catadura, mas fora educada na fé cristã por amparos e meneios de uma ama.
                  
    Estando noiva dum alto funcionário do Estado, Olíbrio de sua graça, daqueles noivados cozinhados como então se faziam, recusou-se obstinadamente a casar para não abjurar da sua fé, nem sacrificar o tálamo virginal.
 
    Não consta que o pai da menina tenha dito a famosa lengalenga, mais a condizer com eras posteriores:
Ela cabras guardou,
Sebes saltou,
Se em alguma se espetou
E a quereis assim como é,
Assim vo-la dou.
                                                                             
    Naqueles tempos bárbaros, recusar casório equivalia a uma sentença de morte, e a pobrezinha foi submetida a tratos de polé, sendo depois decapitada. Mas a sua segunda e definitiva morte ocorreu séculos depois quando o seu nome e devoção foram retirados a mata-cavalos do santoral romano por se duvidar a sua existência. Mas estas coisas não fazem duvidar um cristão, nem causam dor de alma.
                       
    Santa Marinha de Antioquia, a nossa santinha, nascera nos idos séculos III ou IV, tanto monta, segundo reza a lenda, lá para os lados misteriosos e longínquos dos gentios de Antioquia, que era a capital da província romana da Síria, abrangia então uma porção da Turquia meridional, ali no Médio Oriente, uma importante urbe da Antiguidade.
                                          
    Um dia a prendada mocinha, filha das melhores famílias, lindíssima e airosa, mas recatada e pudica, viu-se cercada por uma horda da soldadesca imperial de Roma, uns sacripantas.
      
    Para evitar o ultraje contra a sua fé, mas acima de tudo contra a sua pureza virginal, antes a morte que tal sorte, num ai-jesus atirou-se do alto das muralhas, embora haja quem jure que foi do telhado da sua casa.
 
    Mas a história assim não tem gracinha nenhuma, desenxabida de todo. Para garantir a eternidade dos altares e a sublime glória do Pai Eterno é preciso milagre de truz, que as coisas do divino diferem do temporal.
                                       
    Quando Santa Marinha de Antioquia se atirou muralha abaixo, caiu num fosso onde estava um dragão, não o animal mitológico, mas o próprio mafarrico, chifrudo, a cheirar a enxofre, artimanhas que o diacho, aquela cousa-má, usa para enganar as almas distraídas.
                    
    Porém a nossa miraculosa serva de Deus, armada da fé, duma cruz e duma espada, certamente tirada a um soldado, venceu e derrotou o demónio. Não enfadará saber que escapou ao demónio, mas caiu nas vis garras do governador romano, criaturo infame que se chamava, enfim, Olíbrio, de sobrolho carregado, a cujas mãos padeceu martírios sem conta e cruel morte. Seja como for, assim ou assado, ganhou a merecida palma de martírio, de santa e castíssima virgem.
               
    A sua representação iconográfica conhece algumas variáveis, com atributos distintos. Por vezes é representada com uma palma de martírio numa mão e a espada mata-dragões na outra, embora nas versões mais elaboradas aparece-nos a cravar uma cruz na bocarra do dragão, ou até arrastando o hediondo animal, trazendo-o cingido pelo seu cinto de castidade. Na cabeça, para além da auréola de santidade, traz uma coroa de pérolas, e por vezes empunhava também uma tocha e uns ferranchos, aparelhos da sua tortura.
                 
    O seu culto foi de grande importância para o povo gemebundo doutras eras, fazendo parte do número dos 14 santos auxiliares da Santa Madre Igreja. Teve uma fervorosa popularidade, duradoira e intensa durante a Idade Média, progressivamente a resfriar quando acabaram as trevas medievais.
                     
    Por isso mesmo pode-se afirmar, sem receio de contraditório, que são antiquíssimas as paróquias das quais é padroeira, porque a sua veneração já não é moderna.
                             
    No território da arquidiocese de Braga o seu culto está documentado desde o século IX, e, seguramente, a sua introdução foi muito anterior, para refazer a alma dos devotos com orações. No distrito bracarense Santa Marinha é orago de vinte e três freguesias.
 
    No Alto Minho serve de evocação e patrono, o sino a tanger aleluias nas freguesias de Agrela (Caminha), Anais (Ponte de Lima), Arcozelo (Ponte de Lima), Gave (Melgaço), Linhares (Paredes de Coura), Loivo (Vila Nova de Cerveira), Moreira de Geraz do Lima (Viana do Castelo), Padornelo (Paredes de Coura), Proselo (Arcos de Valdevez), Roussas (Melgaço), Taião (Valença), Verdoejo (Valença) e Vila Praia de Âncora (antiga Gontinhães, em Caminha).
                
    Por esta vastíssima devoção se vê a antiquíssima força do seu culto, por entre trombetas e clareiras lumiadas do céu, do qual somente não encontra ecos nos concelhos de Monção e Ponte da Barca.
                 
    É venerada de levante a poente em Julho, no mesmo mês e ao lado de São Teodorico, Santo Atanásio, Santa Pulquéria, São Procópio, beato D. Frei Bartolomeu dos Mártires, Santa Praxedes, São Sinfrónio, Santo Teodulo, São Pantaleão e Santo Inocêncio, porque venerável que se preze não usa nome vulgar.
 
    E pronto, aqui ficou a história lendária e miraculosa da nossa santinha, padroeira de Santa Marinha de Padornelo. Como o artigo está enorme, maior que o manto de Nossa Senhora, noutra ocasião se falará de mais algumas Santas Marinhas que também têm lugar devocional nos altares.

Altar-mor da igreja de Santa Marinha de Padornelo na década de 1950

22
Jul08

UMA LENDA MINHOTA: A ORIGEM DA MULHER

Por: Jofre de Lima Monteiro Alves

 

    Deus fizera o Mundo, uma lufa-lufa de seis dias, ao sétimo botou um olho à sua obra, o resultado era satisfatório.

 

    Mas lá na sede do Céu, reparando bem e de perto, com olho de ver, apercebeu-se que o homem sozinho, a carregar tristeza, bocejava uns dias e noutros levava a morte na alma, triste anacoreta no Paraíso, vadiando desde manhã até sol-pôr.

                      

    Tamanho isolamento, a agravar a solidão da condição humana, não era coisa boa, pensava enfaticamente, urgia medidas, mais um pequeno retoque na sua obra-prima.

                                 

    Certo dia, como sabemos desde os tempos bíblicos, induziu um profundo sono em Adão e retirou-lhe uma costela, perfeita arte cirúrgica.

          

    Até aqui a narrativa é sobejamente conhecida, mas nem todos têm a fortuna de ter acesso à verdadeira história da concepção da mulher, um segredo de antanho felizmente na posse das gerações minhotas e que me foi confiado há meio século pelas minhas mãezinhas Especiosa e Esmeralda – na minha infância as avós recebiam o tratamento carinhoso de “mãezinha”, uma ternura.

           

    Estávamos no ponto em que fora extraída a costela. Nesse exacto instante quando se aprestava para dar forma à mulher, uma raposa lampeira, lesta e manhosa, autêntica desmancha-prazeres, dum salto rouba-lha e deitou a fugir às de vila-diogo.

         

    S. Miguel Arcanjo que a tudo assistia extasiado, enlevado num ai-jesus, ainda teve uma parcela de reacção, deitou a mão ao rabo da zorra trinca-pintos, porém este rebentou na bulha que se seguiu, conseguindo reaver somente um pequeníssimo fragmento da costela.

               

    O resto, um naco enorme, serviu de fino banquete nas entranhas da raposa, tasquinhava à boca cheia, um festim!

           

    Reinduzir o sono e tirar outra costela ao pobre do Adão era inaceitável, parecia amaldiçoada ao insucesso a ideia de dotá-lo de companhia neste vale de lágrimas, seria coisa de fim do mundo. Mas quem tem a omnipotência, além da suprema arte e engenho criativo, rapidamente encontra uma solução. Faça-se a vossa vontade!

         

    Misturou o quinhão da costela e a cauda, muito bem amassado, moldou até estar plenamente satisfeito e insuflou-lhe o sopro da vida, e pronto, nascia assim a mulher, osmose da costela do homem e do rabo da raposa, um regalo, sublime milagre!

           

    Esta alegoria bíblica da criação da mulher visa a finalidade única de incutir no homem o respeito merecido pela companheira tirada da sua própria carne, na contemplação do Senhor.

 

    Porém, a lenda minhota acrescenta um dado importantíssimo, repetido na milenar sabedoria popular, velho como as barbas de Noé: «a raposa tem a manha de sete homens, mas a mulher tem a manha de sete raposas».

 

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