Lançamento do Livro PADORNELO: DICIONÁRIO BIOGRÁFICO DE PERSONAGENS - Vídeo
Começo pelo fim, pela conclusão, pois a sessão de lançamento do livro PADORNELO: DICIONÁRIO BIOGRÁFICO DE PERSONAGENS ILUSTRES foi um caso sério de sucesso, mais uma magistral lição de bairrismo e da arte de bem-fazer das gentes e das instituições da nossa santa terrinha. Padornelo mostrou, assim e de forma bem clarividente, que é um caso especial no contexto do concelho e, atrevo-me a afirmar sem qualquer receio, do distrito. Tudo planeado e executado com rigor, método e perfeição, uma conduta quase a raiar o profissionalismo, um profissionalismo levado a cabo por amadores que amam o seu rincão. Uma tarde notável e uma cerimónia marcante nos alvores dos dias alegres!
A sala onde decorreu a sessão pública estava repleta até ao tecto de gente que acudiu dos quatro cantos da freguesia, mas também da vila e do concelho de Paredes de Coura. Muitos vieram de paragens mais longínquas, de Valença, de Ponte da Barca, de Braga, do Porto, de Abrantes, de Lisboa e outras regiões. O anfiteatro da Associação Cultural Recreativa e Desportiva de Padornelo, sita na Valinha, lugar da freguesia de Padornelo, foi insuficiente para albergar todos, tal foi a massa humana que ocorreu para participar e testemunhar o evento, mais uma ocasião para solidificar os laços afectuosos desta comunidade, povo e freguesia de Padornelo todos irmanados como os dedos da mão, a conter o coração aos saltos.
O ribombar estridente dos bombos do Grupo de Zés-Pereiras Os Amigos da Farra de Padornelo, tal como o alarido das trombetas do rei David, marcou o início do vasto programa, criteriosamente estabelecido e rigorosamente cumprido. A mesa de honra formou-se com a presença de Carla Cristina Soares Lima, presidente da Direcção da Associação Cultural Recretiva e Desportiva de Padornelo, Maria Gorete Fernandes Barreiro, presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia de Padornelo, Amâncio Barbosa Lourenço, ex-presidente da Junta de Freguesia de Padornelo e convidado de honra do autor, Jofre de Lima Monteiro Alves, autor da obra, Vítor Paulo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Paredes de Coura, padre José Domingos Meira da Rocha, pároco da Igreja Matriz de Santa Marinha de Padornelo, e Manuel Fernando Vaz Barbosa, presidente da Junta de Freguesia de Padornelo.
Para além do numeroso público, estiveram presentes inúmeras entidades e individualidades, sendo difícil elencar todas, embora tenha sido perceptível a presença do padre Alcino da Cunha Pereira, antigo pároco da Igreja Matriz de Santa Marinha, vereadores da Câmara Municipal de Paredes de Coura, arcipreste do Arciprestado de Paredes de Coura, autarcas de diversas freguesias, dirigentes de várias Associações Culturais, mais este e aquele e tais e tais.
Não cabia nem mais uma palhinha em qualquer lado. No fundo da sala largas dezenas de pessoas assistiam de pé, outras do lado de fora a vislumbrar pela nesga da porta ou penduradas nas arribas das janelas pelo exterior. Coisa extraordinária, um mar sereno de gente mortinha por ver e absorver! O ar andava pincelado por um sentimento sublime emanado de criaturas embevecidas com toda aquela calorosa e carinhosa manifestação de unidade do povo da freguesia em torno dum objectivo comum que foi assumido por todos: o nosso livro.
Os discursos feitos com alma, pitada de humor, muito emotivos e tão-cheios de brilhantismo, tiveram a cargo de Manuel Barbosa, Carla Lima, Vítor Paulo Pereira, Amâncio Barbosa e Jofre de Lima Monteiro Alves. Todos falavam com o coração nas mãos. A determinada altura foi guardado um minuto de silêncio em honra de Tiago Pereira, recentemente falecido e que consta de pleno direito nas páginas do livro. O Grupo Infanto-Juvenil e o Grupo de Cantigas da Associação Cultural de Padornelo, com as suas vozes celestiais e instrumental sublime, delícia das delícias, abrilhantaram a tarde, como é timbre desta maravilhosa colectividade e como só eles sabem fazer, com insuperável categoria e maviosa qualidade. O Eduardo Daniel Cerqueira serviu como mestre-de-cerimónias de quatro assobios, a fazer a ponte entre isto e aquilo e coisas e loisas, sempre com mestria!
Depois, por profunda amabilidade da Junta de Freguesia de Padornelo e de Jofre de Lima Monteiro Alves foi entregue um exemplar a cada um dos membros que compunham a mesa de honra (Carla Lima, Gorete Barreiro, Amâncio Barbosa, Vítor Paulo Pereira, padre José Domingos Meira e Manuel Barbosa) e às pessoas e empresas que tiveram a amabilidade de patrocinar a edição do livro (António da Costa Barbosa e Sandra Tinoco, António Dantas da Cunha, António de Lima Rodrigues, José Sílvio Barbosa, Simão da Costa, Porfírio Loureiro e Ana Gomes Loureiro, Ilídio Barreiro, Ilídio Dantas Gomes, José da Costa Pereira, José Fernandes Rodrigues, Manuel Veloso, Conceição Barbosa da Silva, Custódia Pereira e Fernando Pedrosa, Os Amigos da Farrade Padornelo, Zulmira Dantas de Lima, José Luís Barbosa e Vidal Dias).
De seguida a Junta de Freguesia de Padornelo, por via dos seus dinâmicos membros Manuel Barbosa, Luísa Sá e Porfírio Loureiro, procedeu à entrega de uma simbólica lembrança ao autor, no caso vertente uma representação artesanal da Capela de Nossa Senhora das Angústias, que é, consabidamente, a menina dos olhos do homenageado. A parte lúdica colectiva encerrou com um suculento copo-d’água servido a todos os presentes e para acalmar os estômagos mais sensíveis.
O êxito foi tão retumbante que duma penada desapareceram quase 200 livros, entre ofertas oficiais e particulares e vendas! Por fim e durante quase três horas, até às 20 horas, o autor assinou centenas deautógrafos sem qualquer intervalo e nunca esmorecer, um contacto humano proveitoso e de enorme proximidade com o público e com os nossos conterrâneos. Ninguém arredou pé, com paciência de anacoreta! Cada contacto foi personalizado, intimista, tentando saber sempre quem era quem em relação aos pais e avós, referências basilares usadas pelo escritor, trocando incessantemente dois dedos de conversa com os compradores. O autor, nessa tarefa que levou a peito e em espirito de missão, levantou-se sempre para entregar em mão o exemplar rubricado, dar um aperto de mão ou um abraço a cada um. Foi um momento íntimo e cordial.
No âmbito das minhas actividades culturais, como é óbvio, já assisti a diversas e incontáveis sessões de lançamentos de livros e garanto, de certa certeza, que nunca vi nada assim, seja em Paredes de Coura, em Viana do Castelo ou inclusive em Lisboa! Foi inigualável no campo da organização, da presença de assistência, do programa cultural, da oratória, do sincronismo, do calor humano e até da emoção ímpar! Tudo absolutamente extraordinário, um esplendor lucilante! Uma grande manifestação de cultura popular e primoroso bairrismo, vera lição para muita gentinha encafuada em gabinetes alcatifados, longe da realidade e do poviléu!
Padornelo foi mais uma vez pioneira absoluta neste campo, como já havia sido noutras matérias, pois foi a primeira freguesia do concelho a publicar uma monografia e a primeira a nível distrital a trazer à luz do dia um livro destas características, um dicionário biográfico de personagens. Padornelo sempre na linha da frente! Para aquilatar como a nossa terra é deveras peculiar, nada melhor do que tornar público as palavras que o padre Alcino me confidenciou e ao meu filho Ilídio Inocêncio, durante o evento: «Eu vinha de uma terra que achava que era perfeita e quando cheguei a Padornelo é que levei uma ensaboadela e descobri o que era a perfeição». Terra abendiçoada, digo eu!
NOTA: A maior parte das fotografias que compõem o vídeo são de Cecília Pereira, a quem agradeço a amabilidade.