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Adeus fonte da pedra
Que da água fez romance;
Nunca vi solteira triste
Nem casada que descanse.
Adeus casa minha
Que te hei-de mandar dourar,
De pedra em pedrinha
Para o meu amor passar.
Adeus que me vou embora,
Adeus que embora me vou.
Se queres alguma coisa
Por ora ainda aqui estou.
Adeus que me vou embora,
Adeus que embora me vou.
Vou-me embora porque quero
A mim ninguém me mandou.
Adorada das estrelas
Anda-me agora falar;
Se as estrelas te adoram
Também te hei-de adorar.
A cantar ganhei dinheiro,
A cantar se me acabou.
O dinheiro mal ganhado
Água o deu, água o levou.
Aceita, meu bem aceita,
Esta pequena lembrança.
Sou firme até à morte,
Só em ti tenho esperança.
Aceita tantos beijinhos
Como areias tem o mar;
Já que de ti estou longe
Beijos te não posso dar.
Adeus fontes, adeus rio,
Adeus regatos pequenos;
Adeus casa dos meus pais
Até quando nos veremos?
Adeus meu amor, adeus,
Até quarta ou quinta-feira,
Que eu não passo sem te ver
Uma semana toda inteira.
Notas e fonética de Jofre de Lima Monteiro Alves
(Versão minhota do século XIX, com exacta transcrição fonológica)
Istória da Nau Catrineta
Eu bo-la qéro còntar;
Trinta anos e um dia
Séimpre à beira do mar.
Nũ[1] habia qe comer
Néim tampouco que gastar;
Butáro[2] solas de môlho
Pra domingo jêintar.
As solas éro[3] tão rijas,
Não nas pudéro[4] tragar;
Butáro sortes a ber
Qáis[5] s’habia de matar,
Caiu a sorte prumeira[6]
No capitão-general:
– «Arriba[7], arriba, gàgéiro,
Àqele tope[8] real!
Ber[9] se bês terras de Espanha,
Ou aréias de Portugal!»
– «Àlbiças[10], meu capitóum,
Já béijo[11] terras de Espanha
E aréias de Portugal.
Taméim[12] béijo três donzelas
À sombra dum laranjal;
A mais noba ‘stá a coser
E a tchigante[13] ‘stá a bordar,
E a mais bela d’elas todas
Por seus páis ‘stá a tchorar.»
– «Todas três sóum[14] minhas filhas,
Todas três t’as hei-de dar:
Uma pàra te bestir,
Òitra pàra te calçar,
E a que mais bonita fôr,
Pàra còntigo casar.»
– «Nũ quero as tuas filhas,
Deu’las[15] deixe béim fadar[16].»
– «Darei-te[17] tanto dinheiro
Qi o não possas contar.»
– «Eu não qero o seu dinheiro,
Qe le[18] custou a ganhar.»
– «Dou-t’o meu cabalo branco
Pàra tu o felutriar[19].»
– «Eu não quero o seu cabalo,
Qi é de bòcê passiar,
Qero a Nau Catrineta
Pàra no mar nabegar.
Q’assim cumo ‘scapou desta,
Doitra há-de ‘scapar».
[1] Não.
[2] Deitaram.
[3] Eram.
[4] Puderam.
[5] Quais.
[6] Primeira.
[7] Acima.
[8] Mastro.
[9] Por «a ver».
[10] Alvíssaras.
[11] Vejo.
[12] Também.
[13] Chigante, àquela que está próxima, imediata.
[14] São.
[15] Deus as...
[16] Deus as deixe com bom destino.
[17] Dar-te-ei.
[18] Que o.
[19] Fazer folias a cavalo.