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Imagens da festa em honra de Nossa Senhora do Amparo, no lugar do Sobreiro, freguesia de Padornelo, em Setembro de 2016. Fotografias de Eduardo Daniel Cerqueira.
Encerramento do Caminho de Ligação de Padornelo/Parada à Capela de Santiago
Por: Ilídio Monteiro Alves
O problema origina-se com a colocação de uma barreira no caminho que faz a ligação entre a freguesia de Parada e o quase milenar Santuário de Santiago que pertence em comunhão às duas paróquias (Padornelo e Parada). Neste caso, de modo a ser retirada a dita barreira, podemos seguir uma de três linhas argumentativas, consoante as circunstâncias concretas do caso.
Numa primeiro momento cumpre apurar a propriedade do caminho ora vedado. Tratando-se de um caminho público (pertencente ao domínio do Estado, quer Central, quer Local), o caso torna-se auto-evidente, e não restam dúvidas que um particular não o pode encerrar, tout court.
No caso de o caminho ser pertença do particular que o interditou, esta interdição não se torna legítima, em todo caso, na medida em que este caminho dá corpo a um direito de servidão de passagem em favor do recinto do Santuário. Isto é, agarrando-nos à lei, retiramos do artigo 1543.º do Código Civil que uma servidão é um direito real que a lei concede a um proprietário de um prédio dominante, sobre um prédio alheio que é o prédio serviente. Neste caso, o recinto da capela é o prédio dominante, e o terreno contíguo onde foi colocada a cancela, será o prédio serviente.
Neste caso em concreto estamos perante uma servidão de passagem, na medida em que o proprietário do recinto do Santuário de Santiago goza de um direito de passagem sobre o terreno contíguo, servidão aliás que é aparente, na medida em que se consubstancia na forma de um caminho (ora vedado), existente e não oculto. As servidões de passagem são um direito real com eficácia absoluta (isto é, tem uma eficácia perante todos, inclusive o presumível proprietário do caminho) algo que resulta segundo a Doutrina geral dos artigos 1311.º a 1315.º do Código Civil. Ademais a servidão de passagem é uma servidão legal, segundo o artigo 1550.º do Código Civil, o que significa que se constitui independentemente da vontade do proprietário do prédio serviente.
Na medida em que se trata da capela mais antiga de todo o concelho de Paredes de Coura, santuário sagrado onde desde sempre se realizam festividades religiosas e romarias de fé, temos de assumir que esta servidão está constituída desde tempos imemoriais, e que, como atestarão os residentes de ambas as paróquias, tal caminho (sobre o qual incide a servidão legal de passagem em causa) tem sido constantemente utilizado pelas populações, pelo que esta servidão de passagem se mantém perfeitamente em vigor, na medida em que a lei apenas as considera extintas ao fim de 20 anos de não uso contínuo (segundo o artigo 1569.º, número 1, alínea b). Assim sendo, estamos perante uma servidão legal de passagem, constituída de forma absolutamente regular e com larguíssima tradição de utilização por parte dos seus beneficiários.
Traduzindo todo este palavreado para uma linguagem mais chã, reiteramos que o caminho agora encerrado, mesmo que pertença por inteiro à pessoa que o vedou, dá corpo a um direito de passagem que as paróquias de Parada e Padornelo detêm desde tempos imemoriais, direito este que se constitui por vial legal (e não por acordo) e que produz efeitos perante todos, mesmo o dono do caminho.
Assim sendo, a colocação da cancela, mesmo que seja feita em terreno próprio, é feita de modo manifestamente ilegal, pois viola outro direito, tão importante como o direito do proprietário do caminho, que é o direito de passagem por esse caminho que as paróquias e comunidades de Parada e Padornelo gozam, desde sempre.
O caso pode-se tornar ainda mais ilegítimo se as obras de beneficiação desse caminho forem custeadas (no todo ou em parte), por um ente público (seja Câmara Municipal ou Junta de Freguesia por delegação). Se tal for o caso, este encerramento, para além de violar a servidão de passagem que acima já referimos, torna-se num Abuso de Direito (proibido pelo artigo 334.º do Código Civil), uma profunda violação da boa-fé objectiva, princípio fundamental de Direito, na sua vertente clássica de venire contra factum proprium, na medida em que alguém que aceite que um ente público realize benfeitorias em caminho seu, não pode obstar à utilização pública desse caminho, pois seria uma contradição com o seu comportamento anterior, algo que a justiça não acolhe.
Imagens da cerimónia que decorreu no passado dia 27 de Maio de 2012 nas Angústias, lugar da freguesia de Padornelo, concelho de Paredes de Coura, a fim de assinalar o I Centenário da Fundação da Capela de Nossa Senhora das Angústias.
Festa em honra de Nossa Senhora do Amparo, no Sobreiro, lugar da freguesia de Padornelo, neste concelho de Paredes de Coura, nos passados dias 18 e 19 de Setembro de 2010. Fotografia de Fernando Abílio de Sá e Silva.
Altar do Menino, na Igreja Matriz de Santa Marinha de Padornelo, numa imagem tirada no passado dia 31 de Janeiro de 2010, em Covas, lugar da freguesia de Padornelo, concelho de Paredes de Coura. Fotografia de Eduardo Daniel Cerqueira, grande amigo da freguesia.
Belíssima pintura da padroeira da Igreja Matriz de Santa Marinha de Padornelo, na abóbada da nave, num excelente retrato tirado no passado dia 31 de Janeiro de 2010, em Covas, lugar da freguesia de Padornelo, concelho de Paredes de Coura. Fotografia de Eduardo Daniel Cerqueira.
Interior da Igreja Matriz de Santa Marinha de Padornelo, no passado dia 31 de Janeiro de 2010, com os andores da festa em honra ao mártir São Sebastião, no lugar de Covas, freguesia de Padornelo, concelho de Paredes de Coura. Fotografia de Eduardo Daniel Cerqueira.
A Associação Cultural Recreativa e Desportiva de Paredes de Coura, liderada por José Eduardo Nogueira, organizou no passado dia 20 de Setembro de 2009 um convívio para associados e família, que teve lugar no frondoso recinto da capela de Santiago, freguesia de Padornelo, popularmente conhecida por “Santiago dos Carrachos”.
Na jornada estiveram presentes os presidentes da Junta de Freguesia e Assembleia de Freguesia de Paredes de Coura. Fotografias de Eduardo Daniel Cerqueira.
Vista da retaguarda da Capela do Senhor Ecce Homo, nos Tojais, lugar da freguesia de Padornelo, a 11 de Janeiro de 2009. Fotografia de Eduardo Daniel Cerqueira.
Esta excelente fotografia da Capela do Senhor Ecce Homo, de autoria do amigo Eduardo Daniel Cerqueira, pode ser vista aqui.
Não vou aqui contar a história e a fundação da capela de Nossa Senhora do Amparo, mas tão-só abordar um curioso episódio da sua centenária existência.
Ali por volta do ano de
Das mesmas se encarregou um especialista, o escultor Brás Barbosa (1666+1733), natural de Padornelo, sendo aprazada a duração do empreendimento pelo espaço dum ano.
Iniciadas em 1711, à boa maneira portuguesa sofreram de imediato atrasos de monta e ameaçavam eternizarem-se no tempo, não como as de Santa Engrácia, é claro, mas mesmo assim abusivamente prolongadas.
As paróquias naqueles tempos estavam sujeitas a matéria visitacional constante pela parte das autoridades religiosas de quem estavam dependentes.
Durante essa pastoral da visitação eram rigorosamente observadas as posturas do clero em geral, as suas obrigações espirituais, a observância litúrgica, os ornamentos, o controlo dos fiéis, os testamentos e sufrágios, mas também a manutenção do asseio e estado de conservação das igrejas.
A 21 de Junho de 1713 inspeccionou a paróquia de Santa Marinha de Padornelo o reverendo padre Custódio Ferreira Velho. Sisudo e de cenho carregado, vinha investido na prosápia dos títulos de licenciado em Cânones, comissário do Santo Ofício, abade de S. Julião do Calendário de Vermoim, arcediago do arcediagado de Vila Nova de Cerveira, cónego prebendado da Colegiada de Santo Estêvão de Valença e visitador da arquidiocese de Braga. Um currículo de estouro, em tempos de quase barbaresca ignorância.
Remira aqui, espreita acolá, nada era deixado ao acaso, não havia vénia que o arredasse da sua missão fiscalizadora. Tudo era passado a pente fino, inflamado por ciclópico olho vigilante, seguindo à risca os cartapácios do Direito Canónico mais vernáculo.
Logicamente um homem carregado com tantas honrarias e qualidades seria acervo de ferina severidade e rectidão. Achou imperdoável que umas obras programadas para um ano, volvidos dois ainda não estivessem concluídas. Podia lá ser tal despautério! Obra parada entra pelo bolsinho adentro na soma de cruzados!
E do alto do seu gabarito admoestou o abade padre Manuel Lourenço Soares de Lima (1672+1738), e o acólito padre António Fernandes Pacheco, mero cura coadjutor, a arcarem com meia culpa do deixa andar.
De pronto o douto visitador fulminou o nosso artista de arte sacra com ásperas ameaças judiciais, deste modo e com mão inexorável:
«Fui informado que Brás Barbosa escultor desta freguesia tem tomado a maior de dois anos as obras da capela de Nossa Senhora do Amparo sem lhe dar fim na forma do contrato com que as aceitou pelo que mando que o Reverendo Pároco lhe diga que as acabe em termo de dois meses para o que procederá contra ele na forma da Lei».
Na verdade e afora esta explicação, não sei se devido ao receio do anátema que sobre ele pendia, mas Brás Barbosa passou a obrar verdadeiros milagres, a trabalhar sem fraquejar a mata-cavalos, dava gosto ver a obra a progredir.
A devoção ao trabalho na capela ocupava-lhe toda a boa parte da luz do dia, mercê de muito empenho e mestria na arte de marcenaria.
Para tal contou porém com a especiosa ajuda doutro distintíssimo artesão local Manuel Vaz Alves (1675+1728), pintor de Arte Sacra e natural de Covas, lugarejo da freguesia de Padornelo, terminou de modo bem célere aquilo que parecia querer perpetuar-se.
E assim reconstruída a lufa-lufa, obedecendo a um plano de conjunto, ficou a magnifica capela que ali vemos no lugar do Sobreiro, graças ao trabalho de dois artistas de Padornelo.
Não vou aqui contar a história e a fundação da capela de Nossa Senhora do Amparo, mas tão-só abordar um curioso episódio da sua centenária existência. Ali por volta do ano de
Das mesmas se encarregou um especialista, o escultor Brás Barbosa (1666+1733), natural de Padornelo, sendo aprazada a duração do empreendimento pelo espaço dum ano. Iniciadas em 1711, à boa maneira portuguesa sofreram de imediato atrasos de monta e ameaçavam eternizarem-se no tempo, não como as de Santa Engrácia, é claro, mas mesmo assim abusivamente prolongadas.
As paróquias naqueles tempos estavam sujeitas a matéria visitacional constante pela parte das autoridades religiosas de quem estavam dependentes.
Durante essa pastoral da visitação eram rigorosamente observadas as posturas do clero em geral, as suas obrigações espirituais, a observância litúrgica, os ornamentos, o controlo dos fiéis, os testamentos e sufrágios, mas também a manutenção do asseio e estado de conservação das igrejas.
A 21 de Junho de 1713 inspeccionou a paróquia de Santa Marinha de Padornelo o reverendo padre Custódio Ferreira Velho. Sisudo e de cenho carregado, vinha investido na prosápia dos títulos de licenciado em Cânones, comissário do Santo Ofício, abade de S. Julião do Calendário de Vermoim, arcediago do arcediagado de Vila Nova de Cerveira, cónego prebendado da Colegiada de Santo Estêvão de Valença e visitador da arquidiocese de Braga. Um currículo de estouro, em tempos de quase barbaresca ignorância.
Remira aqui, espreita acolá, nada era deixado ao acaso, não havia vénia que o arredasse da sua missão fiscalizadora. Tudo era passado a pente fino, inflamado por ciclópico olho vigilante, seguindo à risca os cartapácios do Direito Canónico mais vernáculo.
Logicamente um homem carregado com tantas honrarias e qualidades seria acervo de ferina severidade e rectidão. Achou imperdoável que umas obras programadas para um ano, volvidos dois ainda não estivessem concluídas. Podia lá ser tal despautério! Obra parada entra pelo bolsinho adentro na soma de cruzados!
E do alto do seu gabarito admoestou o abade padre Manuel Lourenço Soares de Lima (1672+1738), e o acólito padre António Fernandes Pacheco, mero cura coadjutor, a arcarem com meia culpa do deixa andar.
De pronto o douto visitador fulminou o nosso artista de arte sacra com ásperas ameaças judiciais, deste modo e com mão inexorável:
«Fui informado que Brás Barbosa escultor desta freguesia tem tomado a maior de dois anos as obras da capela de Nossa Senhora do Amparo sem lhe dar fim na forma do contrato com que as aceitou pelo que mando que o Reverendo Pároco lhe diga que as acabe em termo de dois meses para o que procederá contra ele na forma da Lei».
Na verdade e afora esta explicação, não sei se devido ao receio do anátema que sobre ele pendia, mas Brás Barbosa passou a obrar verdadeiros milagres, a trabalhar sem fraquejar a mata-cavalos, dava gosto ver a obra a progredir. A devoção ao trabalho na capela ocupava-lhe toda a boa parte da luz do dia, mercê de muito empenho e mestria na arte de marcenaria.
Para tal contou porém com a especiosa ajuda doutro distintíssimo artesão local Manuel Vaz Alves (1675+1728), pintor de Arte Sacra e natural de Covas, lugarejo da freguesia de Padornelo, terminou de modo bem célere aquilo que parecia querer perpetuar-se.
E assim reconstruída a lufa-lufa, obedecendo a um plano de conjunto, ficou a magnifica capela que ali vemos no lugar do Sobreiro, graças ao trabalho de dois artistas de Padornelo.
Padornelo, capela do Senhor Ecce Homo, do lugar dos Tojais; pormenor do topo do frontão, com duas urnas e uma cruz ao centro, onde repousam duas aves, no primoroso olhar de Eduardo Daniel Cerqueira, cuja fotografia pode ser vista aqui:
http://olhares.aeiou.pt/pormenor_da_frontaria_da_capela_do_senhor_ecce_hom/foto1546654.html
Padornelo, capela do Senhor Ecce Homo, dos Tojais; pormenor da cartela localizada na pardieira com a inscrição “ECCE HOMO”, no olhar estético de Eduardo Daniel Cerqueira, cuja fotografia pode ser visto aqui:
http://olhares.aeiou.pt/ecce_homo/foto1633260.html
Padornelo: pormenor da fachada da capela do Senhor Ecce Homo, no lugar de Tojais, sob o olhar artístico de Eduardo Daniel Cerqueira, cuja fotografia pode ser vista aqui:
http://olhares.aeiou.pt/capela_do_senhor_ecce_homo/foto1626253.html
Padornelo: escadaria e frontaria da capela do Senhor Ecce Homo, no lugar dos Tojais, na perspectiva do brilhante olhar de Eduardo Daniel Cerqueira, cuja fotografia pode ser vista aqui:
http://olhares.aeiou.pt/frontaria_da_capela_do_senhor_ecce_homo/foto1635607.html
Padornelo: cruzeiro e capela do Senhor Ecce Homo, no lugar dos Tojais, apreciados pelo brilhante e atento olhar de Eduardo Daniel Cerqueira, cuja fotografia pode ser vista aqui:
http://olhares.aeiou.pt/postal_de_padornelo/foto1626287.html
Padornelo: Capela do Senhor Ecce Homo, no lugar dos Tojais. Fotografia de Alfredo Almeida Coelho da Cunha, que pode ser vista aqui:
http://olhares.aeiou.pt/galerias/detalhe_foto.php?origem=&e_autor=1&id=1618826&err=0
Vídeo da capela de Nossa Senhora das Angústias, feito em Março de 2007.
Por motivo imprevisto, os vídeos da nossa freguesia e que estavam colocados neste blogue há meses foram apagados, pelo que se repetem hoje, todos juntos.
Capela de Nossa Senhora das Angústias, situada no lugar das Angústias, freguesia de Padornelo, fundada em 1912 pelo benemérito José Narciso Monteiro. Para ver o vídeo, carregue duas vezes no botão.
A fotografia denominada Frontaria do Ecce Homo, de Eduardo Daniel Cerqueira, ficou em terceiro lugar no Concurso Fotográfico UM OLHAR SOBRE PADORNELO, com o total de cinco votos. Parabéns!
A fotografia denominada Postal de Padornelo, de Eduardo Daniel Cerqueira, classificou-se em segundo lugar no Concurso Fotográfico UM OLHAR SOBRE PADORNELO, com o total de seis votos. Parabéns!
A fotografia denominada Capela do Senhor Ecce Homo, de Maria Luísa Barbosa de Sá foi a distinta vencedora do Concurso Fotográfico UM OLHAR SOBRE PADORNELO, com o total de oito votos. Parabéns!
Capela do Senhor Ecce Homo de Padornelo, construção do século XVIII. [Desenho de Luís de Melo Gavina].
Padornelo, capela do Senhor Ecce Homo, no lugar dos Tojais. [Gentileza de Fernando Abílio de Sá e Silva].
FUNDAÇÃO E FUNDADOR
A fundação da capela deve-se à iniciativa e devoção do padre António Pedro Alves, que «promoveu uma subscrição importante, visto não haver fundos disponíveis para ela», e obteve as licenças necessárias do Arcebispo Primaz de Braga, Senhor D. Gaspar de Bragança (1716+1789).
António Pedro Alves nasceu no Sobreiro, lugar da freguesia de Padornelo, a 26 de Agosto de 1745, filho de António Alves, de Padornelo, e de Ana Maria dos Santos, da freguesia de Paredes, concelho de Coura.
Foi pároco encomendado da igreja matriz de Santa Marinha de Padornelo durante 11 anos, por espaço de tempo intercalado, de
Faleceu no lugar do Sobreiro a 17 de Janeiro de 1828, com 82 anos de idade. Era irmão do padre José Luís Alves dos Santos, cura da paroquial igreja de Santa Maria de Paredes, do concelho de Coura.
OBRAS
Em 1776 principiaram as obras, levadas a cabo pelo mestre João Rodrigues, da freguesia de Infesta, responsável pela obra de pedreiro e de pedraria. João Rodrigues, foi indiscutivelmente o mais prolixo e o maior mestre pedreiro do Alto Minho daquela época, na medida em que construiu também a igreja matriz de S. Paio de Agualonga em
Embora as obras se prolongassem ainda por alguns anos, em 1779 foi aberta ao culto. A torre sineira seria acrescentada do lado norte do edifício, durante o século XIX e concluída em 1871 pelo mestre-pedreiro António Manuel Góes de Melo, de Lanhelas, com o significativo preço de 1.495$000 réis, e na realidade, não desmerece do restante complexo arquitectónico.
Um pára-raios foi colocado em 1891, o qual custou, então, 161$000 réis.
ESTILO
Caracterizada durante bastante tempo como um templo Barroco, é hoje definido como fruto da transição do estilo Barroco para o Neoclássico, próximo do exuberante estilo Rococó.
DESCRIÇÃO ARTISTICA
Escadaria
O exterior do templo é contemplado com uma imponente escadaria frontal, formada por vários lanços e patamares, ornamentada no seu comprimento por balaustradas e pináculos, imitação, em ponto pequeno doutros escadórios típicos do Norte de Portugal.
Fachada Principal
A frontaria, com rica ornamentação da fachada alicerçada na robustez do granito, prepara o visitante para o seu esbelto interior, em cuja fachada se destaca o corpo central, com uma altura mais elevada que a restante estrutura, e é, sem dúvida a obra prima da capela, e assim resulta ser o mais esbelto monumento religioso do concelho, segundo a comum opinião dos especialistas.
O portal central é marginado por ondeantes motivos ornamentais de configuração vegetalista, e possui na pardieira a inscrição “ECCE HOMO”, sendo completada por uma cimalha. Acima desta temos duas pilastras equidistantes rematadas por capitéis compósitos, onde a sobressair do harmónico conjunto, destaca-se um frondoso e elegante janelão cujo caixilho com exuberante decoração faz a simbiose perfeita com o restante complexo.
A coroar, e num contexto heráldico perfeito, assenta sobreposto a pedra de armas do Senhor D. Gaspar de Bragança, um dos “Meninos da Palhavã”, sagrado Arcebispo Primaz de Braga em 1757 e que aí morreu em 1789, filho natural reconhecido do Rei D. João V, e patrono do empreendimento.
No topo do frontão repousam duas urnas e ao centro uma cruz. Na parte mais lateral da fachada descrita, vemos de cada lado do magnífico portal, um medalhão.
Torre Sineira
A torre sineira é formada por três distintos corpos, sendo que no primeiro temos uma estreita porta suspensa sobre um varandim, sendo o segundo corpo enfeitado por um relógio, os sinos situados na terceira porção são visualizados através de quatro ventanas, e a terminar, assente numa balaustrada quadrangular marcada por quatro urnas de cantos, vemos, por cima a rasgar o céu, uma cúpula bolhosa de formato esguio, a sobressair em altura ao demais conjunto.
Interior
Construída na segunda metade do século XVIII, merece uma visita cuidada. A capela é composta por uma nave única, semeada por retábulos, aonde sobressai um coro-alto bastante admirável, assente num imponente arco apoiado em grossas pilastras, decorado com talha dourada e pincelado por uma cor marmórea policromada de belo efeito.
Logo na parte direita, sob o coro e encostado a uma porta cega, o Senhor dos Passos, imagem equilibrada, saúda o visitante. Encostados às paredes laterais, situam-se dois púlpitos virados um para o outro, encavalitados em carga sobre volumosas bases graníticas, cujas caixas são rectangulares e decoradas com talha dourada e ornatos vegetalistas.
Seguem-se os quatro altares laterais, igualados dois a dois, enquanto do lado do Evangelho, identificamos os altares de Nossa Senhora da Assunção, onde figura também a Santa Rita, e o de Nossa Senhora das Dores. No sentido oposto, o da Epístola, simbolizam os altares da Imaculada Conceição, ao qual está anexado a Santa Bernardete, e o do Senhor da Cana Verde.
Os altares são dum apreciável sentido estético e artístico, adornados com talha dourada onde predominam os ornamentos vegetalistas e rendilhados profusos, assentes contra um fundo branco.
Situados entre os altares laterais aparecem pequenas mísulas adornadas com figurações de reduzidas dimensões de S. Bento, este da banda do Evangelho, e juntos aos altares opostos, o Senhor Ecce Homo.
O retábulo do altar-mor e o seu frontão estão profusamente semeados por rendilhados decorativos, onde as colunas, entablamentos, urnas e degraus do trono são decorados com talha duma beleza ímpar.
A guarnecer a estrutura retabular, já graciosa, dois anjos tocheiros banhados a talha dourada fazem a guarda de honra, onde predomina, ainda, um grande Cristo Crucificado. Ao fundo, a ladear as colunas do retábulo, mais duas mísulas, para o visitante repousar o olhar e ver as figuras da padroeira Santa Marinha e Santo António.
Para completar o conjunto artístico de notável beleza, falta ver as sanefas da capela-mor com talha mariana, o sanefão do arco triunfal de feição rococó e talha de D. Maria, as sanefas da nave, tudo talha dourada dos finais do século XVIII, e de deslumbrante qualidade.
A nave é coberta por uma abóbada decorada com pinturas, que representam a Nossa Senhora da Assunção, esta no âmbito da capela-mor, e junto ao arco triunfal figuram emblemas da Paixão de Cristo, tais como a escada, lança, dados, cordas.
Ao centro da nave temos o “Ecce Homo”, e ao fundo nova demonstração da emblemática da Paixão de Cristo, desta feita, a cruz, cana com esponja de vinagre, coroa de espinhos, torquez, lança e manto, e que assim enquadram a temática com a própria evocação do templo.
Padornelo, capela de Nossa Senhora das Angústias, cujo pedido para construção foi renovado por José Narciso Monteiro a 11 de Maio de 1911.
O culto de Santiago em terras de Portugal é certamente bastante antigo, e conta ainda com uma forte corrente imaginária e de suporte do poder político, económico e religioso, que permite a sua sobrevivência e expansão enquanto fenómeno de variada matiz.
Tiago, “o Maior”, filho de Zebedeu e de Salomé, nasceu na Galileia, sendo escolhido para enfileirar como apóstolo de Cristo e um dos seus mais íntimos. A tradição, difícil de documentar e ainda mais custosa de rebater pelos laivos inspirados de lendas e comportamentos colectivos de profundo fervor, alega que foi evangelizador da Península Ibérica.
Na sua vinda à Hispânia entrou pelo Rio Lima para pregar as sagradas escrituras e as novas da redenção, sendo o evangelizador das terras da Galiza, que naquele tempo abarcava ainda o actual território do Minho. Isto, dizem, decorreu ali pelo ano de 35 no nascimento de Jesus Cristo.
Regressado a Jerusalém, seria decapitado; os seus discípulos retiraram o corpo e colocaram-no numa barca, a qual guiada por um anjo, transportou o corpo do apóstolo até a Espanha, onde realizara a sua tarefa missionária e de evangelização.
Após peripécias várias – vamos abreviar para não delongar a história – o seu corpo foi sepultado numa arca funerária construída debaixo dum altar e dentro duma pequena capela. E a memória disso tudo se perdeu, por alguns séculos, até quando em 813 se descobre por milagre – tempos milagrosos – a antiga capela e as campas fúnebres, que deduzem ser de Santiago e dos seus mais directos discípulos.
O Rei D. Afonso II das Astúrias, deslocou-se ao lugar, e desse modo foi o primeiro peregrino e fiel protector da causa do santo, o que muito contribuiu para a glória e fama futura. Por sua vez, logo Santiago surge miraculado a combater os mouros ao lado dos cristãos, aumentando o número de milagres e incentivando a sua devoção, e de todo o lado acodem peregrinos a venerar a sua sepultura e os actos heróicos que praticava como guerreiro mata-mouros.
O terceiro prodígio de veneração sucedeu quando um nobre cavaleiro, caiu ao mar e perante o perigo de morte, evoca o santo nome e a protecção de Santiago, foi salvo de morrer afogado, saindo de água com o corpo recoberto de conchas, elemento agora essencial na veneração e símbolo maior dos peregrinos e romeiros.
Certo é que somente um século após a descoberta do túmulo do apóstolo já toda a Europa o venerava e conhecia uma complexa rede peregrinatória, de molde a ombrear com Roma e Jerusalém, e que atingiu o seu apogeu no século XI, nessa busca da expiação dos pecados que atormentavam o homem dessas eras. De hoje, não sei de semelhante crise existencialista.
Em Portugal, fruto dessa fervorosa devoção, existem 183 freguesias com o orago de Santiago, e não surpreende que delas, 41 sejam em Braga, 29 no Porto e 22 em Viana do Castelo, número que seria maior na Idade Média, porquanto muitas outras freguesias com semelhante patrono já foram extintas.
Em Paredes de Coura sob a sua evocação temos as freguesias de Infesta e Romarigães. Existem e persistem ainda inúmeras capelas privadas e públicas sobre a sua santa égide e evocação, sendo 18 no distrito de Viana do Castelo. Daqui se antevê a grandeza do fenómeno religioso e social e da vigorosa expansão geográfica ao culto divinatório a Santiago.
Entre as capelas dessa evocação no distrito de Viana do Castelo avulta a de Padornelo. Não pelo seu valor esteta e de Arte imperecível, mas pela sua antiguidade e pela particular característica de ser comum com a freguesia de Parada, um caso sério de partilha comunitária, em tempos tão individualistas.
Nesta altura convém saber, mesmo em estimativa, quando foi feita. A resposta, já de pronto, permite afirmar que é certamente muito antiga, talvez do século XII, a mais antiga do nosso concelho. Quanto mais pequena e mais isolada estiver uma ermida, maior será a sua antiguidade probatória.
Ao consultar as Inquirições que o Rei D. Afonso III ordenou em 1258, encontro a seguinte passagem, que livremente transcrevo da parte que nos interessa, quando se fala da freguesia de Santa Marinha de Padornelo: «o Monte de Santo Jacobo, que parte pela real de cova de Martim até às laceiras.... e neste ... monte está uma ermida que chamam Santo Jacobus».
Isto significa que no século XIII, a igrejinha já era tão antiga e estava tão enraizada no conceito popular e geográfico que dera origem a um topónimo, que hoje se perdeu, o Monte de Santiago.
No que concerne a quem seriam os seus edificadores ou patronos, uma antiga tradição aponta os Cavaleiros Templários como os seus fundadores. Nas respostas que o reverendo padre José Bernardino Soares de Castro e Moscoso, abade da igreja paroquial de Santa Marinha de Padornelo, deu a 25 de Abril de 1758, e que estão averbadas no Dicionário Geográfico, declara, fazendo eco duma remota memória acerca da capela de Santiago:
«cuja capela existe no monte, e é antiquíssima, e há tradição que fora convento dos templários, não tem património, e se festeja alternadamente todos os anos pelos moradores desta freguesia e da de Parada e dista desta freguesia meio quarto de légua».
Vamos espreitar a resposta do reverendo Pedro da Mota Ferraz, vigário da paroquial igreja de S. Pedro Fins de Parada, o qual acrescenta umas curiosas informações, como seja o facto de designar a capela de forma que considero inédita:
«ermida de Santiago de Birtelo, que está nos limites da freguesia de Padornelo e a sua festa se faz no seu dia, um ano a fazem os fregueses de Padornelo, noutro ano os fregueses de Parada e é tradição que houve no seu sítio um convento dos templários, esta ermida está fora do lugar sem vizinhança situada nas faldas do monte chamado de Balhadouro».
Ficámos, assim, a saber dois dados curiosos: o monte que no século XIII era de Santiago, volvidos 500 anos tinha a denominação de Monte de Balhadouro, e que o nome integral da capela seria Santiago de Britelo. Vamos explicar estes dois topónimos. Birtelo, forma popular, que está por Britelo, corresponde à latinização de Bertellus, um antropónimo de origem germânica.
Já Balhadouro, é topónimo raro e simultaneamente um provincianismo minhoto, que corresponde ao substantivo bailadouro, lugar onde se baila. Não custa acreditar que Britelo era o monge-guerreiro templário que fundou o convento e a capela, num lugar que correspondia a um ermo onde os habitantes das duas povoações faziam grandes folguedos e festejos.
Já sabíamos que a capela de Santiago não está de modo algum associada aos vários itinerários, por onde os romeiros faziam o chamado Caminho de Santiago, e o isolamento absoluto que naqueles tempos por ali havia e que ainda hoje se denota, foi motivo mais que suficiente para levar os cavaleiros da Ordem militar e religiosa do Templo a erigir um mosteiro, do qual nada resta, a não ser a sua memória e tradição ainda presente e pujante nos século XVIII. Os templários radicaram-se em Portugal cerca de
A capela tinha ainda em tempos recentes uma antiga e significativa imagem do seu santo padroeiro. A ameaçar ruína pela acção erosiva dos tempos e em consequente mau estado, foi chamado de Braga um santeiro, especialista que vaticinou remédio certo: concerto.
Mas a confraria não dispunha de verba necessária para tal, e como a relíquia estivesse descamada e abria pequenas fissuras, recomendou ainda o santeiro como sagrado que no santo lenho nunca entrasse prego algum, caso em que seria o fim da imagem se alguém pregasse ali um prego que fosse no intuito de selar as brechas, seria a fatal e definitiva ruína, e que sem essa agressão duraria ainda bastantes decénios para glória vindoura.
Contudo algum curioso investido nas funções de responsável pela capela, cheio de lógica voluntariosa, mas falho de bom-senso, resolveu, então, pintar a imagem para lhe dar outro aspecto, como fazem as velhas senhoras ao pintarem o cabelo: se o objectivo era faze-la ficar mais reluzente, o resultado final foi deveras fatal para a estatueta.
Rapidamente degradou-se, sendo então de sobressalto vendida para Braga. E lá ficámos sem a estátua! Com o dinheiro dali resultante e para o seu lugar veio uma bugiganga de aspecto brilhante e garrido, mas de indiscutível mau gosto estético.
Mas os disparates do tamanho da Sé de Braga não ficaram por aqui. Recentemente uma comissão de festeiros cheios de boa vontade e pouca percepção do mais amplo sentir estético – não a actual, note-se – destroçou e danificou de modo irreversível este monumento medieval, ao destruir a fachada e o conjunto granítico para lhe acrescentar uma arrecadação lateral e avançar a nave. O resultado é mau de mais para ser verdade e extremamente doloroso.
Lendas e historietas abundam por aquelas serranias, porque o lugar é propício a isso. Como a dum pastor que levava por lá o seu gado a pastar e colocava os animais num simples cercado a ameaçar ruína, sob a divina protecção da imagem do santo, visto que o santo homem tinha a chave da capelinha.
Confiante na salvaguarda e na habilidade pastorícia do bem-aventurado, ia tratar do resto da sua vida – porque a vida sempre esteve difícil para os pobres – e à tardinha passava por ali, recolhia a estatueta do santinho ao altar e o seu gado ao estábulo.
O entendimento foi perfeito e durou anos sem queixume ou azedume de todas as partes, humana, animal e santificada. Mas um dia a estátua do santo talvez entediada ou mais meditabunda noutras arrelias que o comum do cidadão desconhece e não entende, não prestou a melhor atenção e o gado, que andava já certamente a espreita duma ocasião de suma distracção do santo, escapuliu-se do cercado e tresmalhou por esses montes.
Quando ao sol-posto o pastor retornou na busca do gado para seu espanto e arrelia deparou-se com a santa imagem, impávida e serena, que nessa ocasião tão mau serviço lhe prestara, segundo a sua furibunda análise. Revoltado e esquecido dos muitos e prestimosos serviços que Santiago lhe prestara – os homens são assim, ingratos e curtos de memória –, e num acesso de fúria, deitou-o para o regato de água cristalina. Mas o santo sobreviveu a esse arrebatamento e ingratidão. Não sobreviveu depois à incúria que lhe destruiu a imagem e danificou a capela.
Para finalizar, umas considerações acerca do nome de Santiago, que é uma particularidade genuína portuguesa. O apóstolo Santiago, ou S. Tiago não existe no calendário ou santoral cristão. Tiago é corruptela do nome do santo, que era Jacob ou Jacobus.
Tudo isto, logicamente, devido à particularidade fonética e ortográfica da letra J. O nome Jacob em algumas línguas passou a ser lido Iacó e depois por força dum fenómeno fonético, a letra C transformou-se em G, donde surgiu Iago. Logo Santo Iago, que pela pronúncia e escrita apressada e pelo fenómeno de aglutinação deu origem a Sant’Iago e Santiago.
A perda do primeiro elemento deu origem a Tiago, que por sua vez para recordar o santo desdobrou-se
Do primitivo nome do apóstolo temos ainda diversas palavras; jacobeia (peregrinação jacobeia), jacobeu (membro duma seita de fanáticos que existiu em Portugal), jacobice (hipocrisia), jacobina (terreno impróprio para a lavoura), jacobino (membro duma associação revolucionária de exaltados), jacobita (membro duma seita religiosa chefiada pelo bispo Jacob de Edessa), etc.
Padornelo, capela de Santiago. [Agradeço a profunda gentileza do Jorge, do lugar do Sobreiro, que foi meu paciente guia, nesta incursão, por Santiago, e depois por Parada. Bem-haja!]
Capela do Senhor Ecce Homo, Padornelo, Agosto de 1999.
Padornelo, fachada principal da Capela do Senhor Ecce Homo, Agosto de 1999.
FUNDAÇÃO E FUNDADOR
A fundação da capela do Senhor Ecce Homo deve-se à iniciativa e devoção do padre António Pedro Alves, que «promoveu uma subscrição importante, visto não haver fundos disponíveis para ela», e obteve as licenças necessárias do Arcebispo Primaz de Braga, Senhor D. Gaspar de Bragança (1716+1789).
António Pedro Alves nasceu no Sobreiro, lugar da freguesia de Padornelo, a 26 de Agosto de 1745, filho de António Alves, de Padornelo, e de Ana Maria dos Santos, da freguesia de Paredes, concelho de Coura.
Foi pároco encomendado da igreja matriz de Santa Marinha de Padornelo durante 11 anos, por espaço de tempo intercalado, de 1782 a 1789, em 1803, em 1805, e, por fim, em 1815-1816. Faleceu no lugar do Sobreiro a 17 de Janeiro de 1828, com 82 anos de idade. Era irmão do padre José Luís Alves dos Santos, cura da paroquial igreja de Santa Maria de Paredes, do concelho de Coura.
OBRAS
Em 1776 principiaram as obras, levadas a cabo pelo mestre João Rodrigues, da freguesia de Infesta, responsável pela obra de pedreiro e de pedraria. João Rodrigues, foi indiscutivelmente o mais prolixo e o maior mestre pedreiro do Alto Minho daquela época, na medida em que construiu também a igreja matriz de S. Paio de Agualonga em 1786, a capela de S. Sebastião, no lugar de Roriz, Infesta, em 1890, e trabalhou afincadamente na construção do Santuário de Nossa Senhora da Peneda, pelo menos em três distintos períodos: 1784-1788, 1793-1797 e 1802-1808.
Embora as obras se prolongassem ainda por alguns anos, em 1779 foi aberta ao culto.
A torre sineira seria acrescentada do lado norte do edifício, durante o século XIX e concluída em 1871 pelo mestre-pedreiro António Manuel Góes de Melo, de Lanhelas, com o significativo preço de 1.495$000 réis, e na realidade, não desmerece do restante complexo arquitectónico.
Um pára-raios foi colocado em 1891, o qual custou, então, 161$000 réis.
ESTILO
Caracterizada durante bastante tempo como um templo Barroco, é hoje definido como fruto da transição do estilo Barroco para o Neoclássico, próximo do exuberante estilo Rococó.
DESCRIÇÃO ARTISTICA
Escadaria
O exterior do templo é contemplado com uma imponente escadaria frontal, formada por vários lanços e patamares, ornamentada no seu comprimento por balaustradas e pináculos, imitação, em ponto pequeno doutros escadórios típicos do Norte de Portugal.
Fachada Principal
A frontaria, com rica ornamentação da fachada alicerçada na robustez do granito, prepara o visitante para o seu esbelto interior, em cuja fachada se destaca o corpo central, com uma altura mais elevada que a restante estrutura, e é, sem dúvida a obra prima da capela, e assim resulta ser o mais esbelto monumento religioso do concelho, segundo a comum opinião dos especialistas.
O portal central é marginado por ondeantes motivos ornamentais de configuração vegetalista, e possui na pardieira a inscrição "ECCE HOMO", sendo completada por uma cimalha. Acima desta temos duas pilastras equidistantes rematadas por capitéis compósitos, onde a sobressair do harmónico conjunto, destaca-se um frondoso e elegante janelão cujo caixilho com exuberante decoração faz a simbiose perfeita com o restante complexo.
A coroar, e num contexto heráldico perfeito, assenta sobreposto a pedra de armas do Senhor D. Gaspar de Bragança, um dos "Meninos da Palhavã", sagrado Arcebispo Primaz de Braga em 1757 e que aí morreu em 1789, filho natural reconhecido do Rei D. João V, e patrono do empreendimento.
No topo do frontão repousam duas urnas e ao centro uma cruz. Na parte mais lateral da fachada descrita, vemos de cada lado do magnífico portal, um medalhão.
Torre Sineira
A torre sineira é formada por três distintos corpos, sendo que no primeiro temos uma estreita porta suspensa sobre um varandim, sendo o segundo corpo enfeitado por um relógio, os sinos situados na terceira porção são visualizados através de quatro ventanas, e a terminar, assente numa balaustrada quadrangular marcada por quatro urnas de cantos, vemos, por cima a rasgar o céu, uma cúpula bolhosa de formato esguio, a sobressair em altura ao demais conjunto.
Interior
Construída na segunda metade do século XVIII, merece uma visita cuidada. A capela é composta por uma nave única, semeada por retábulos, aonde sobressai um coro-alto bastante admirável, assente num imponente arco apoiado em grossas pilastras, decorado com talha dourada e pincelado por uma cor marmórea policromada de belo efeito.
Logo na parte direita, sob o coro e encostado a uma porta cega, o Senhor dos Passos, imagem equilibrada, saúda o visitante. Encostados às paredes laterais, situam-se dois púlpitos virados um para o outro, encavalitados em carga sobre volumosas bases graníticas, cujas caixas são rectangulares e decoradas com talha dourada e ornatos vegetalistas.
Seguem-se os quatro altares laterais, igualados dois a dois, enquanto do lado do Evangelho, identificamos os altares de Nossa Senhora da Assunção, onde figura também a Santa Rita, e o de Nossa Senhora das Dores. No sentido oposto, o da Epístola, simbolizam os altares da Imaculada Conceição, ao qual está anexado a Santa Bernardete, e o do Senhor da Cana Verde. Os altares são dum apreciável sentido estético e artístico, adornados com talha dourada onde predominam os ornamentos vegetalistas e rendilhados profusos, assentes contra um fundo branco.
Situados entre os altares laterais aparecem pequenas mísulas adornadas com figurações de reduzidas dimensões de S. Bento, este da banda do Evangelho, e juntos aos altares opostos, o Senhor Ecce Homo.
O retábulo do altar-mor e o seu frontão estão profusamente semeados por rendilhados decorativos, onde as colunas, entablamentos, urnas e degraus do trono são decorados com talha duma beleza ímpar. A guarnecer a estrutura retabular, já graciosa, dois anjos tocheiros banhados a talha dourada fazem a guarda de honra, onde predomina, ainda, um grande Cristo Crucificado. Ao fundo, a ladear as colunas do retábulo, mais duas mísulas, para o visitante repousar o olhar e ver as figuras da padroeira Santa Marinha e Santo António.
Para completar o conjunto artístico de notável beleza, falta ver as sanefas da capela-mor com talha mariana, o sanefão do arco triunfal de feição rococó e talha de D. Maria, as sanefas da nave, tudo talha dourada dos finais do século XVIII, e de deslumbrante qualidade.
A nave é coberta por uma abóbada decorada com pinturas, que representam a Nossa Senhora da Assunção, esta no âmbito da capela-mor, e junto ao arco triunfal figuram emblemas da Paixão de Cristo, tais como a escada, lança, dados, cordas. Ao centro da nave temos o Ecce Homo, e ao fundo nova demonstração da emblemática da Paixão de Cristo, desta feita, a cruz, cana com esponja de vinagre, coroa de espinhos, torquez, lança e manto, e que assim enquadram a temática com a própria evocação do templo.
Capela do Senhor Ecce Homo de Padornelo.
Padornelo: capela de Nossa Senhora das Angústias. [Gentileza de Eduardo Cerqueira].
Padornelo, capela do Senhor Ecce Homo, nos Tojais.